quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Avanços da Arqueologia Bíblica nos Últimos anos Desmontam Céticos.

Colunista Ronan Sabadini



Descobertas arqueológicas jogam por terra argumentos dos céticos contra a historicidade da narrativa bíblica
No final de 2009, próximo ao Natal, uma equipe de arqueólogos divulgou ter encontrado ruínas de uma residência na cidade de Nazaré, no norte de Israel, datada da época de Jesus. Mês passado, foi a vez de outro grupo de arqueólogos anunciar a descoberta de uma rua de mais de 1,5 mil anos, utilizada por peregrinos cristãos, na cidade velha de Jerusalém (ver matéria na página 13). Tratam-se de duas grandes descobertas, em um período curto de tempo, que estão relacionadas ao relato histórico da Bíblia Sagrada ou à história da Igreja.
Mas, esses acontecimentos recentes são apenas uma pequena amostra da efervescência da Arqueologia Bíblica nos últimos anos. Simplesmente, devido ao maior número de investimentos e recursos para essa área nas últimas décadas, especialmente depois do estabelecimento do Estado de Israel e do início das intensas atividades dos arqueólogos judeus, a maioria das mais importantes descobertas arqueológicas relacionadas aos relatos das Sagradas Escrituras ocorreram nos últimos 70 anos. Tais descobertas, inclusive, derrubaram a maioria das argumentações usadas pelos céticos para contestar a historicidade dos relatos bíblicos. Vejamos, a seguir, apenas alguns dentre centenas de exemplos que poderiam ser listados.

O Evangelho de Lucas fala sobre o nascimento de Cristo mencionando um censo decretado por Cirênio, governador da Síria (Lc 2.2). No final do século 20, arqueólogos descobriram um Cirênio com seu nome gravado em uma moeda que o coloca como procônsul da Síria e Cilícia de 11aC a 4aC, época do nascimento de Cristo, conforme destaca o arqueólogo John McRay, em sua obraArchaeology and the New Testament (Grand Rapids, Baker Book House, 1991, págs. 154 e 385).
Além disso, o arqueólogo Randall Price lembra que “o censo de Cirênio, também mencionado por Lucas em Atos 5.37, tem numerosos paralelos em formulários de censo de papiro que datam do 1o século aC ao 1o século dC” (Arqueologia Bíblica, CPAD, pág. 259). Price cita como exemplos o Papiro Oxirrinco 255 (48dC) e o Papiro 904 do Museu Britânico (104dC), que ordenam o retorno compulsório de pessoas ao local em que nasceram para levantamento de censo, da mesma forma como em Lucas 2.3-5.
Herodes é citado como rei da Judéia na época do nascimento de Cristo (Mt 2). Hoje, sabe-se que Herodes, o Grande, reinou na Judéia de 37aC a 4dC. As ruínas de um dos seus palácios, o chamado Heródium, recentemente exposto em fotos que circularam por todo o mundo, começaram a ser escavadas desde 1973 pelo arqueólogo judeu Ehud Netzer, e comprovam o perfil do infame rei. Netzer, inclusive, é famoso por ter encontrado em 1996, em Massada, o nome e título do rei Herodes em um rótulo de vinho datado de 73dC. “A inscrição em latim tem três linhas, forma padrão encontrada em tais inscrições. A primeira linha é uma data e indica o ano em que o vinho foi feito. A segunda linha dá o lugar e o tipo específico do vinho, e na última linha temos o nome ‘Herodes, Rei da Judéia’”, contou Netzer em entrevista publicada na revista israelense Eretz, edição de setembro/outubro de 1996.

Outro personagem da narrativa da vida de Cristo cuja existência foi comprovada arqueologicamente é o sumo sacerdote Caifás que, hoje se sabe, foi líder do Sinédrio de 18dC a 36dC. Foi ele que presidiu o julgamento de Jesus e é várias vezes citado (Jo 11.49-53; 18.14 e Mt 26.57-68). Foi no pátio de casa de Caifás que Pedro traiu Jesus (Mt 26.69-75). Essa casa foi encontrada por acidente em novembro de 1990, quando trabalhadores estavam construindo um parque aquático na Floresta da Paz em Jerusalém, ao sul do elevado onde os judeus afirmam ser o monte do Templo.
O local encontrado foi identificado como sendo a casa de Caifás porque ali foram encontrados 12 ossuários de calcário e, entre eles, simplesmente o ossuário contendo os restos mortais do sumo sacerdote. Randall Price relata a descoberta: “Um dos ossuários era requintadamente ornamentado e decorado com rosáceas detalhadas. Obviamente pertencera a um patrono rico ou de alta posição que poderia dar-se ao luxo de possuir tal caixa. Na caixa havia uma inscrição. Lê-se em dois lugares Qafa e Yehosef bar Qayafa, que significa ‘Caifás’ e ‘José, filho de Caifás’. O Novo Testamento refere-se a ele apenas como Caifás, mas Josefo apresenta o nome completo: ‘José, que era chamado Caifás, o sumo sacerdote’. Dentro havia os ossos de seis pessoas diferentes, inclusive de um homem de 60 anos, provavelmente Caifás”

(Arqueologia Bíblica, CPAD, pág. 267).